Em 1997, o filme de ficção científica “O Quinto Elemento”, dirigido pelo francês Luc Besson, estreava nos cinemas ao redor do mundo, com um trabalho visual que foi muito elogiado pela sua apresentação do que seria o século XXIII, quando a humanidade já teria se expandido através do universo, entrando em contato com outras formas de vida, e desenvolvido sua tecnologia em muitos campos, desde as telecomunicações até o tratamento médico. A forma como esses avanços e relações se deram na grande tela foi algo que encheu os olhos de todos que assistiram ao filme na época e imergiu os espectadores nessa realidade tão distante daquela na qual nos encontramos no dia a dia.
Por trás desse universo fantástico, encontrava-se o trabalho de dois grandes artistas franceses. Muito conhecidos por seus trabalhos nas Histórias em Quadrinhos, Jean Claude Mézièrez e Jean Giraud (também conhecido por sua alcunha Moebius) construíram a identidade visual desse filme com uma propriedade tal que, mesmo tão diferente da sociedade atual, ela ainda parece real e transmite uma atmosfera de que aquele mundo (ou seriam mundos?), de fato, existia.
Mézières revolucionou os Quadrinhos com sua obra de ficção científica Valerian em 1967, criada em parceria com o escritor Pierre Christin, enquanto Moebius ajudou a fundar em 1972 a publicação “Metal Hurlant” (também conhecida como “Heavy Metal”), que viria a ser de grande influência na comunidade artística de todo o mundo ocidental. Em ambas as criações, os artistas trabalhavam em ilustrações fantásticas que buscavam sempre o limite da imaginação da época. Expandindo o presente com a projeção do que o futuro poderia reservar. Dessa forma, eles alcançaram milhares, se não milhões de leitores, dentre os quais um ainda jovem aspirante a diretor de cinema, o já mencionado Luc Besson. Ainda antes de mesmo se estabelecer no meio cinematográfico, ele viu na criação das concept arts para um de seus filmes a oportunidade de trabalhar junto aos dois artistas que tanto haviam influenciado sua própria visão de mundo, e o resultado não foi diferente, com ambos aceitando sua proposta.
Em 1992, eles se reuniram em Paris junto a outros oito artistas mais jovens, como Patrice Garcia e Camille Cassit, e começaram a desenvolver as ideias a partir dos conceitos iniciais da história apresentados por Besson. Muitas direções foram mudando no decorrer do projeto, mas o trabalho com o design dos personagens e o mundo que os envolvia exalava as visões desses profissionais gráficos. Moebius transferia para as suas peças uma perspectiva advinda de seus sonhos artísticos, não necessariamente assentando junto às diretrizes do projeto mas elaborando designs que fugiam ao ponto comum, enquanto Mézièrez se animava com a elaboração do visual de uma Nova York futurista, onde ele imaginava a substituição dos elementos frios comuns de uma metrópole urbana, como excesso de vidros e superfícies herméticas, com instrumentos mais próximos de uma aglomeração cotidiana, um cenário onde a vida se expunha mesmo em meio a construções gigantescas e a estruturas do transporte presentes em toda a cidade. Entre esses elementos que fundiam o presente com o futuro, Mézièrez colocou um táxi flutuante em uma peça que apresentou para Besson, algo que lhe cativou o olhar e mudou a direção com que toda a história de “O Quinto Elemento” seguiria. O protagonista Corbin Dallas, que viria a ser interpretado pelo ator Bruce Willis, assim se tornava um taxista.
A arte predisse a história, que predisse a arte. O visual dos personagens, em especial os das espécies alienígenas levou meses até adquirir o formato com que vieram a ser representados no filme. Todos os artistas envolvidos se empenharam muito, desenvolvendo formas, trajes e cenários.
E um caso que também merece destaque foi a elaboração da nave cruzeiro Fhloston Paradise, que sedia algumas das principais cenas do filme. Foi Moebius quem encontrou a forma exterior derradeira com que Besson seguiria para o projeto final, enquanto Mézières trabalhou os interiores da construção, tendo como referência seu próprio trabalho anterior nos Quadrinhos, a pedido do próprio diretor. Conforme o artista gráfico Patrice Garcia destacou, em entrevista, “a nave cruzeiro Fhloston Paradise era uma espécie diferente de barco, como um centro de férias gigantesco, algo realmente colossal, que precisava ser estranho, porém, também funcional”. Esse conceito é algo que permeou todo o projeto, apresentando uma percepção de futuro que era distante, mas próxima o suficiente do espectador para que ele pudesse identificar onde se encontrava e como esse mundo fictício funcionava.
O trabalho no estúdio alugado por Besson em Paris durou cerca de um ano, porém, o projeto só veio a ganhar forma algum tempo depois, uma vez que o diretor precisou encontrar uma produtora com quem pudesse colocar suas ideias de forma oficial em filme, algo que só ocorreu depois de seu sucesso de bilheteria “O Atirador”, em 1995. Apenas após esse feito na indústria cinematográfica mundial foi que os investidores norte-americanos passaram a acreditar na visão do diretor francês e deram luz verde para seu projeto pessoal “O Quinto Elemento”. Todos os designs aprovados feitos pelos artistas foram transferidos para Pinewoods Studios, em Londres, onde estes seriam utilizados para inspirar toda a produção do filme pela equipe de profissionais de maquiagem, figurino e efeitos especiais.
O resultado final, além de compreender mais um sucesso de bilheteria, foi de grande júbilo para os artistas, que eram amigos desde os tempos de mocidade, ainda em 1952, onde um estimulava a produção do outro, com severidade nas considerações sobre os desenhos dos outros sem perder, contudo, a solidariedade com o esforço artístico de cada um. A experiência toda foi, enfim, um grande sucesso.
As obras de Moebius continuam a ser referência para o trabalho de muitos artistas ao redor do mundo inteiro nos mais diversos campos de atuação, e aqui no Brasil foram mais recentemente publicadas pela editora Nemo, enquanto a série Valerian, de Mézières e Christin, continua sendo lançada em álbuns pela Sesi-SP Editora, e também apresenta um universo detalhadamente elaborado que cativa tanto os leitores que, em 2017, foi igualmente transportado para o cinema pelas mãos do próprio Besson no filme “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”.
Com o objetivo de permitir que os interessados no campo da concept art desenvolvam mundos fantásticos assim, evoluindo através de uma carreira de profissional artístico, é que a Escola de Artes Visuais Lipe Diaz oferece o Curso de Desenho Básico para apresentar os fundamentos inerentes a toda forma de expressão gráfica, a partir do qual o aluno pode seguir para o Curso de Desenho Avançado, onde esses conceitos serão destrinchados e elaborados para uma maior qualidade no acabamento e desenvolvimento das ideias no papel. Para aqueles que ainda preferirem desenvolver sua técnica direto no computador, a escola oferece o Curso de Desenho Digital, onde as técnicas mais atuais de trabalho com as ferramentas virtuais vão tomar forma e ajudar o artista a transmitir de forma cada vez mais elaborada sua própria visão de mundo, ou, no caso observado nesse artigo, mundos.
Apenas a imaginação limita esse campo de atuação. Até onde será que conseguiremos chegar juntos? Venha desenvolver conosco sua própria versão dos futuros que podemos vir a encontrar! Certamente será algo muito além desse mundo!
Texto: Gabriel Guimarães - Fundador do "Quadrinhos Pra Quem Gosta"
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